18/6/2020 –
Isolamento social também trouxe medo, ansiedade, estresse, irritabilidade e insegurança para os pequenos
Apesar da flexibilização gradual da quarentena estar acontecendo em diversos estados, ainda não há um plano oficial para a retomada das aulas. Além dos cuidados com a higiene e distanciamento entre as crianças , as escolas também devem se preparar para lidar com os efeitos da pandemia na saúde emocional das crianças. Assim como o isolamento social tem deixado adultos aflitos e vulneráveis, o mesmo ocorre com os pequenos.
Há mais de 3 meses, cerca de 52,8 milhões de estudantes, incluindo os alunos matriculados na educação superior, tiveram que se afastar das salas de aula para conter a propagação do novo coronavírus (COVID-19). Embora a taxa de mortalidade entre crianças e adolescentes seja relativamente menor em comparação com outras faixas etárias, os pequenos também estão suscetíveis às repercussões psicossociais da pandemia. É o que diz a nova cartilha da série “Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19”, um trabalho desenvolvido por pesquisadores colaboradores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz).
O documento tem como objetivo apresentar aspectos referentes à saúde emocional e à atenção psicossocial de crianças no contexto da pandemia. Segundo os autores, “dentre as reações emocionais e alterações comportamentais frequentemente apresentadas pelas crianças durante a pandemia, destacam-se: dificuldades de concentração, irritabilidade, medo, inquietação, tédio, sensação de solidão, alterações no padrão de sono e alimentação”.
SENTIMENTOS DOS PAIS REFLETEM NAS CRIANÇAS
As dificuldades do cenário trouxeram insegurança, sobrecarga de trabalho e outras demandas emocionais para os pais e cuidadores, que, muitas vezes, acabam gerando alterações emocionais e comportamentais no ambiente familiar. Por ainda não terem uma maturidade bem desenvolvida, as crianças não conseguem processar completamente os acontecimentos, tão pouco verbalizar aquilo que estão sentindo.
De acordo com a psicóloga Suellen Jovita, criadora do perfil Psico Sem Neura no Instagram (@psico.sem.neura), “as crianças não sabem nomear os sentimentos para os pais ou professores. Por isso, o adulto precisa prestar atenção nelas, ficando atento ao que a criança vai trazer de comportamento para então poder devolver aquilo que ela precisa”, conta.
Para a psicóloga, a melhor maneira de oferecer suporte para as crianças, e cuidar da saúde emocional delas, é através da comunicação. Segunda ela, os pais não precisam ter medo de conversar com seus filhos, já que eles com certeza ouviram falar da existência do vírus. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as crianças são bastante sensíveis e prestam atenção em tudo o que está acontecendo ao seu redor. “A realidade tem uma proporção muito diferente na cabeça delas, por isso é preciso conversar com as crianças para entender como elas estão recebendo esses acontecimentos. Depois da informação, os pais sempre devem perguntar o que elas pensam e como se sentem em relação aquilo”.
A presença dos pais e cuidadores é o que garante acolhimento e segurança para os pequenos. Jovita afirma que “a criança se sente amada quando ela se sente ouvida. Os pais precisam de fato olhar para seus filhos e serem presentes.” Essa atenção dentro de casa é fundamental para as crianças, uma vez que elas estão saindo de um isolamento social para viver um distanciamento social.
VOLTA ÀS AULAS DEVE SER PLANEJADA
Isso significa que mesmo com o retorno das aulas presenciais, a vida não voltará a ser como era antes. A impossibilidade de brincar no parquinho, tocar nos amiguinhos e compartilhar lanches causará frustração e uma ruptura na empolgação da volta à escola. “Sem dúvida, mais uma vez, os professores vão precisar inovar para criar maneiras de simbolizar o abraço e o aperto de mão através de outros gestos.”
Na volta às aulas, o trabalho dos professores na escola, e dos pais em casa, deve envolver empatia, carinho e atenção às restrições impostas, para evitar uma nova onda de contaminação. “Vai ser um primeiro dia de aula tanto para os professores, quanto para as crianças. É muito difícil saber como as coisas serão. Para o professor, por mais que ele siga todas as recomendações, vão surgir novos problemas que ele nunca viu. Ele também está experimentando um novo jeito de trabalhar “, conta Jovita.
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