Sãp Paulo – SP 23/7/2020 – O uso de inseticidas generalistas afeta também outros insetos e causa ainda mais desequilíbrio ecológico.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) monitora as nuvens de gafanhotos desde 1997.
Depois da Mata Atlântica cobrir quase toda a área litorânea do Brasil, hoje a porcentagem de desmatamento na Amazônia apresenta um quadro bastante crítico.
De acordo com dados do IBGE, no período de 2002-2011, o desmatamento na Amazônia totalizou 153.563 km², o equivalente a 3% da área da Amazônia Legal. “É interessante comparar esse resultado com o período de 1992-2001, onde se verificou um desmatamento ligeiramente maior, totalizando 175.058 km² e uma média de 17.506 km² ao ano”, ressalta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios (www.revistaecotour.news).
De fato, em 2019, houve um aumento no número de incêndios de 80% se comparado com 2018, no entanto, é apenas 7% maior que a média de incêndio dos últimos dez anos, sendo que não há evidências suficientes que comprovem que este aumento ocorreu na floresta Amazônica.
Os resultados da pesquisa conduzida pelo Joint Research Centre da União Europeia, que foram publicados pela Nature Research, centenária publicação científica, extremamente respeitada em todo o mundo, dão conta que 38% da superfície da Europa é coberta por florestas, boa parte das quais exploradas para fins econômicos, especialmente para produção de madeira, e que entre 2011 e 2018, a área explorada cresceu 49%.
Os pesquisadores afirmam que, mesmo que as florestas sejam replantadas, provavelmente serão necessárias décadas para que a situação se reequilibre.
Segundo Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, – “a manutenção desse ritmo de aumento da exploração, pouco racional e podendo ser chamado ritmo de devastação, trará consequências facilmente previsíveis: aumento da poluição, impacto na biodiversidade e na disponibilidade de água, alterações no clima etc. Suécia e Finlândia lideram o processo de aumento da exploração”.
Para Allan Pscheidt, coordenador do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário FMU, a devastação é um dos principais motivos para o que está acontecendo no planeta. “O desmatamento e a baixa diversidade das plantações e pastagens favorecem o comportamento de espécies destrutivas, como podemos ver no caso dos gafanhotos, que ao migrarem para um novo local, em busca de nutrientes e parceiros sexuais, devoram grandes áreas de plantações e pastagens”.
Existem cerca de 30 mil tipos de gafanhotos em todo o mundo, com exceção das regiões polares. São providos de pernas traseiras bem desenvolvidas, adaptadas para deslocarem-se aos saltos, e morfologia que permite a estridulação com produção de som característico pelo atrito entre fileiras de pequenos dentes presentes em diferentes partes do corpo do animal, como as asas e as pernas, e que varia no ritmo e no modo de emissão dependendo da casta.
O professor Allan Pscheidt, enfatiza que na maioria das vezes, os machos produzem o som para atrair a fêmea, marcar seu território ou avisar sobre a presença de predadores. Comem, preferencialmente, gramíneas, folhas e cereais, e a grande maioria das espécies são polífagas, ingerindo uma ampla variedade de diferentes espécies de plantas.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) monitora as nuvens de gafanhotos desde 1997. O controle populacional utilizando inseticidas é eficaz, porém, pode causar danos ao meio ambiente, relata Vininha F. Carvalho.
“O uso de inseticidas generalistas afeta também outros insetos e causa ainda mais desequilíbrio ecológico. Com o conhecimento do efeito da serotonina nos gafanhotos, substâncias antisserotonina teriam de ser aplicadas evitando o hábito gregário. Grandes áreas de monocultura (um único tipo de espécie na plantação) promove a queda da biodiversidade, eliminando espécies importantes e destruindo a cadeia alimentar”, afirma Pscheid.
“Há necessidade da implementação de medidas que não sejam focadas somente na redução do desmatamento em nível mundial, mas também na educação ambiental à sociedade civil e o manejo florestal sustentável, permitindo ser implantada uma política eficaz de preservação do meio ambiente”, conclui Vininha F. Carvalho.
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