São Paulo, SP 19/6/2020 – A “flexibilização” começa na Casa Hope no dia 22, quando toda equipe retorna ao trabalho.
Além de sofrer fortemente com a queda de doações, a exemplo do comércio, da indústria e dos demais segmentos da economia, o terceiro setor teve que readequar suas operações para enfrentar a pandemia de covid-19. Inúmeras entidades que trabalham com grupos de risco, como a Casa Hope, que atende, em São Paulo, crianças em tratamento do câncer, foram obrigadas a criar protocolos de operação para o isolamento e, agora, para a retomada do “novo normal”.
Do isolamento dos pacientes e familiares nos apartamentos, a medição permanente de temperatura na recepção, passando por aulas virtuais e fechamento de refeitórios e áreas de lazer, as medidas, na Casa Hope, foram adotadas para garantir a maior segurança possível para o grupo de risco formado por crianças com câncer e transplantados de medula óssea, fígado e rins. “Apesar de termos um público que, em face dos tratamentos, frequenta hospitais todos os dias, tivemos, até agora, felizmente, três casos da doença, todos recuperados e que já retornaram a suas casas”, relata Tatiana Caneloi, gerente de comunicação e marketing da Casa Hope, ao explicar as medidas adotadas pela organização.
Desde o início da quarentena, a entidade passou a operar com as equipes de atendimento aos hóspedes em revezamento. Já o time administrativo está parte em home office e parte também em revezamento, para minimizar os riscos de contaminação. Os colaboradores e dirigentes com mais de 60 anos estão trabalhando de casa. Foram suspensas as visitas monitoradas devido ao risco oferecido a todos os hóspedes enfermos. Voluntários foram dispensados, temporariamente, o que acabou impactando o desempenho de algumas atividades, como triagem de doações, atendimento no bazar, etc. Reuniões passaram a ser realizadas por videoconferência. E todos os eventos previstos até setembro foram cancelados sem previsão de nova data, o que influencia diretamente a arrecadação de fundos para a instituição, e que certamente farão uma grande falta.
Protocolo Básico e Reorganização do Atendimento
O protocolo de operação incluiu medidas básicas, como cuidados redobrados com higiene, o isolamento social, disponibilidade de álcool em gel, máscaras (trocadas a cada duas horas), sapatos fáceis de higienizar e luvas, quando necessário e dependendo da função. A demanda por álcool em gel e álcool 70% triplicou – a convivência com normas rigorosas de higienização e uso de máscaras em determinados casos já era uma prática da instituição, uma vez que os atendidos têm, na sua maioria, imunidade muito baixa devidos aos tratamentos a que são submetidos.
Mas, além disso, a Casa Hope precisou reorganizar todo os serviços indispensáveis de atendimento, o funcionamento e circulação da casa.
Hospedagem – A instituição dispõe de 48 quartos e 192 vagas, mas com a necessidade de isolamento social passou a alocar uma família por quarto, geralmente mãe e filho, o que reduziu a capacidade de atendimento de 192 pessoas para 96.
Circulação – Os locais de deslocamento de hóspedes e funcionários foram sinalizados e separados. Os elevadores ficaram para uso de hóspedes, evitando, assim, contato com os demais públicos e, consequentemente, o contágio.
Escola – Foi implantada uma logística de aulas online. A escola oficial da Casa Hope, que oferece um método próprio e permite a todas as crianças e jovens darem continuidade aos estudos e voltarem nos ciclos regulares em suas cidades ao final do tratamento, oferece todas as aulas online, por videochamadas, entre professores e alunos, pelo menos três vezes ao dia. A entidade Hope dispõe de wi-fi com acesso a todos.
Atendimento Psicológico – O serviço oferecido aos pacientes e familiares também foi mantido de forma online.
Alimentação – Os refeitórios que atendem a pacientes e aos colaboradores foram fechados, o que gerou uma alteração em toda a logística de trabalho interno da cozinha. O serviço de alimentação passou a ser oferecido nos apartamentos.
Sala de Tevê e Convívio – A ampla sala de tevê e convívio, assim como as áreas de lazer, foram fechadas. Para garantir um mínimo de entretenimento, a entidade remanejou tevês de outras áreas e também conseguiu doações para garantir que todos os apartamentos tivessem o equipamento.
A “flexibilização” começa na Casa Hope no dia 22 de junho, quando toda equipe retorna ao trabalho, mas o protocolo se mantém com algumas novidades: todas as portas têm pano com água sanitária para higienização dos pés; foram ampliados os pontos de álcool em gel (todas as salas e corredores); a medição de temperatura de colaboradores será seguida de atendimento médico para esclarecimento e tratamento; os banheiros foram separados por equipes para diminuir contato; adoção de máscaras reutilizáveis (cada colaborador e hóspede recebe kit com 8); higienização das mesas de trabalho duas vezes ao dia, entre outras.
Website: http://hope.org.br