17/6/2020 –
Pesquisa aponta maior dificuldade de donas de negócios nesse momento e empresária dá dicas de como superar as dificuldades com gestão e participando de redes de apoio feminino
A crise econômica causada pela pandemia de Covid-19 (coronavírus) tem afetado os negócios de milhões de pessoas no Brasil. Um levantamento produzido pelo Sebrae mostrou, porém, que as mulheres empreendedoras estão sendo as mais afetadas durante esse período. Os dados mostram que 52% das empresárias paralisaram temporariamente ou de vez os seus negócios, enquanto no caso dos empresários homens essa taxa foi de 47%.
A pesquisa do Sebrae também aponta que a proporção de empresárias com dívidas em atraso (34%) é maior do que homens (31%). Além disso, as mulheres têm pagado mais juros (35%) do que os homens (31%) e utilizaram mais a suspensão dos contratos (31%) do que os empresários do sexo masculino (27%). Esse levantamento foi realizado entre 30 de abril e 5 de maio.
Nesse cenário de dificuldade generalizada principalmente para mulheres, é essencial se reinventar e manter-se conectado em uma rede de apoio mútua. Quem defende isso é Sylvia Bellio, especialista em infraestrutura de TI e CEO da itl.tech, empresa considerada maior revendedora da Dell Technologies no Brasil por quatro anos consecutivos. Uma das poucas mulheres em posição de liderança no setor de tecnologia no país, Sylvia comenta que o momento é de união.
“A pandemia trouxe à tona além das dificuldades financeiras, sensações ruins de desesperança em relação ao futuro. Por isso, nesse momento é importante fortalecer laços e estabelecer uma conexão com as pessoas. No caso das mulheres empreendedoras, isso é fundamental para que possamos trocar experiências, fazer networking e receber apoio”, afirma Sylvia.
Rede de apoio
Empreendendo há mais de 15 anos, Sylvia é a única mulher no conselho das empresas revendedoras da Dell e participa com frequência de eventos que debatem o empreendedorismo feminino, caso do Dell Women’s Entrepreneur Network (DWEN), que no ano passado aconteceu na Holanda. Nas edições em que participou do DWEN, Sylvia pôde conviver com mulheres do mundo todo, o que segundo ela, lhe concedeu um panorama sobre os desafios empresariais femininos em outros locais.
“Ter essa aproximação com outras empreendedoras nos ajuda a perceber que passamos por coisas muito semelhantes. Então, possuir uma rede de apoio ajuda a pensarmos de maneira conjunta em soluções de problemas que afetam várias de nós”, argumenta.
Além disso, ela diz que por causa da necessidade de distanciamento social tudo pode ser feito pela internet. A empresária lembra que existem grupos em aplicativos de conversa e em redes sociais que servem para que esse diálogo entre mulheres empreendedoras exista. “A troca nesses ambientes é tão positiva quanto a presencial”, defende.
Dicas de gestão
Sylvia diz que além de se juntar a outras mulheres, o período de pandemia exige que empreendedores se reinventem. Ela afirma que esse processo de pensar em soluções diferentes é diário e que ela mesma está “pensando fora da caixa” para se diferenciar. Sobre esse assunto, Sylvia lista algumas dicas de gestão para que mulheres possam diminuir o impacto da crise em seus negócios:
– Comércio on-line: por causa do isolamento social, muitos negócios estão de portas fechadas para o público. Isso não significa, porém, que o negócio será encerrado. Em muitos casos é possível levar os serviços/produtos para as plataformas on-line. Apesar de ainda estar caminhando, o e-commerce (comércio eletrônico) tem crescido rapidamente ano a ano e certamente ocupará uma posição de destaque no faturamento das empresas daqui algum tempo.
– Presença nas redes digitais: além das vendas, a presença digital é importante. Por isso, é essencial possuir contas em redes sociais, blogs, aplicativos de conversas e outros meios que podem servir de divulgação da marca. Muitas dessas plataformas são gratuitas e bastante intuitivas para que sirvam de aliadas nos negócios.
– Oferecer ajuda e procurar pessoas que possam ajudar: a presença em redes femininas serve para trocar experiências, se sentir acolhida e até mesmo encontrar parcerias. Por isso é preciso se disponibilizar e colocar à disposição de outras mulheres os conhecimentos que a gente já tem e a nossa rede de influência. Em troca, esses grupos estarão lá para oferecerem algum apoio em uma matéria específica e também com relação a possíveis contatos de negócios.
– Buscar mais conhecimento sobre a área de atuação: o período de quarentena pode ser usado também para o aprendizado. Nesse quesito é possível procurar por livros, pesquisas, relatórios, vídeos, enfim, conteúdos que debatam e forneçam mais informações sobre a nossa área de atuação. A tecnologia tem feito o mundo mudar muito rapidamente e, por isso, é preciso estar em constante adaptação.
“O Brasil possui mais de 24 milhões de empreendedoras, sendo que todas estão lutando uma batalha diária para fazer com que essa crise passe o mais rápido possível. Portanto, antes de sequer pensar em desistir por causa das dificuldades, nós precisamos lembrar que estamos todas juntas nesse desafio”, finaliza Sylvia.