São Paulo – SP 1/3/2021 –
Será que a sociedade está pronta para esse tipo de conversa?
Pensar em inclusão social em pleno século 21 e saber que ainda existem barreiras, leva a pensar na evolução humana. Uma vez que ao pensar no avanço da ciência, da tecnologia, crê-se também no avanço da humanidade, conforme consta no portal do MEC (Ministério da Educação) os direitos da criança que necessita ser incluída ao meio.
A inclusão social e escolar de pessoas com necessidades especiais é um fenômeno recente e consiste em uma resposta do sistema educacional brasileiro à histórica segregação dessas pessoas e que se configurava em um mecanismo de cerceamento do pleno desenvolvimento delas, até o início dos anos 2000, existiam no Brasil dois tipos de serviços escolares: a Escola Regular e a Escola Especial. Os Alunos com Deficiência (AcD) frequentavam a última, ao passo que os outros alunos eram matriculados na escola regular; a Educação Inclusiva (EI) abrange a educação especial dentro da escola regular e a transforma em um espaço que pode ser ocupado por todos, incluindo e favorecendo a diversidade, tendo em vista que a educação é um direito de todos os brasileiros e deve ser encarada como um meio ou instrumento para o desenvolvimento pessoal e para o fortalecimento da personalidade. Nesse sentido, o respeito aos direitos e liberdades humanas deve ser considerado como o primeiro passo para o estabelecimento da cidadania.
Jane Garcia, como pedagoga renomada no âmbito escolar para capacitação de profissionais da área de educação especial, afirma que existem de fato necessidades que interferem ou dificultam significativamente o processo de aprendizagem e que exigem uma atitude resolutiva e específica da escola, como o uso de recursos educacionais e apoio especializado com vistas a alcançar a aprendizagem satisfatória, destaca a especialista que ainda existem muitas barreiras quando se fala de inclusão social, e que um dos principais desafios é que educadores frequentemente não recebem uma formação adequada referente ao processo de inclusão para melhor atuarem na escola.
Jane Garcia, lidera o caminho ao guiar educadores a intervir nas atividades as quais o aluno ainda não tenha autonomia para desenvolver sozinho, ajudando o estudante a se sentir capaz de realiza-las, usando dessa dinâmica para que o professor e mesmo os pais possam selecionar procedimentos de ensino e de apoio para compartilhar, confrontar e resolver conflitos cognitivos, nos afirma Jane, quando os procedimentos de ensino privilegiam a construção coletiva e são organizados com base nas necessidades de cada aluno.
Além de aprender a adaptar o planejamento e os procedimentos de ensino, é preciso que os educadores olhem para as competências dos alunos, e não apenas para suas limitações. A educação especial como modalidade de ensino ainda está se difundindo no contexto escolar. Para que se torne efetiva, precisarão dispor de redes de apoio que complementem o trabalho do professor. Atualmente, as redes de apoio existentes são compostas pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) e pelos profissionais da educação especial (intérprete, professor de Braille, etc.) da saúde e da família.
Segundo a especialista, o Brasil ainda tem uma grande jornada de conscientização, um dado interessante que percebeu durante os trabalhos realizados que envolviam o aprimoramento de profissionais da Educação no setor de inclusão social é que muitas vezes a própria família impõe limites e excesso de proteção à criança, antecipando ao que poderia acontecer, assim, a criança fica limitada a romper limites e consequentemente, conseguir avançar na sua jornada de desenvolvimento, por isso destaca-se a importância organizacional e estatal de termos profissionais capacitados e preparados para implementar a “inclusão” de forma natural.
O MEC disponibiliza cartilhas, materiais para promover um trabalho de inclusão junto as entidades e familiares, mas segundo relatou a especialista, falta um trabalho de humanização, de conscientização, um desafio que, segundo ela, é muito grande ainda. A inclusão deveria acontecer naturalmente, deveria ser algo comum, sem haver necessidade, muitas vezes, da família precisar recorrer à justiça para conseguir algo que já é seu por direito, conforme notícia publicada em 21 de setembro de 2020 no portal Tocantins.
No Brasil existem leis que asseguram as pessoas com necessidades especiais e que muitas vezes a família não tem acesso, desconhecem os seus direitos. Para Jane Garcia, os desafios são grandes, mas não podem ser esquecidos e defende ainda que, as famílias devem lutar pelos seus direitos, que a criança deve ter acesso a escola e se socializar, poder se desenvolver como toda criança, ela ainda destaca que o trabalho precisa ser realizado com toda a família, que por sua vez, não sabe como conduzir o trabalho em casa com uma criança especial, que requer cuidados, que a escola precisa prestar esse atendimento, esse acolhimento.
Afinal, sabe-se que 23% da população geral tem deficiência e estima-se que, ao menos, 9,5% das crianças brasileiras (até 14 anos de idade) têm uma deficiência diagnosticada, segundo pesquisa do IBGE, de 2010, as quais precisam de serviços de educação especial na escola. É fundamental que as crianças com deficiência ou outras necessidades especiais, e suas famílias, estejam incluídas em programas de cuidados infantis de qualidade, esses são os ambientes naturais de seus pares que estão normalmente em desenvolvimento. Todos se beneficiam de programas de cuidados infantis de qualidade que oferecem cuidados inclusivos.
“A inclusão social precisa ser trabalhada com toda a família, não adianta apenas acolher a criança e não realizar um trabalho em conjunto com todas as pessoas que estão inseridas no meio em que a criança convive, só assim poderá garantir que essa criança venha ser inserida na sociedade com dignidade, precisa preparar a família, uma vez que o período que essa criança fica na escola é curto e a maior parte do seu tempo será fora da escola”, conclui Jane.