São Paulo – SP 12/1/2021 – O que discutimos é se devemos tratar todas as artérias com obstruções importantes ou apenas aquela que foi a causa direta do infarto.
Revascularização completa – e não apenas a limitada à artéria “culpada” – é o procedimento mais efetivo, diz dr. Marco Perin
A mortalidade de pacientes que sofreram infarto agudo do miocárdio cai em até 26%, dentro do primeiro ano após o tratamento, quando este não se limita apenas à desobstrução da artéria “culpada” pelo infarto, afirma o cardiologista intervencionista Marco Antônio Perin. Segundo ele, o dado consta de estudos recentes, e o tema foi discutido em outubro, durante encontro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
“Há muito tempo sabemos que o melhor tratamento para pacientes com infarto agudo do miocárdio é a angioplastia coronária. O que discutimos é se devemos tratar todas as artérias com obstruções importantes ou apenas aquela que foi a causa direta do infarto”, afirma Perin.
A angioplastia coronária é um procedimento não cirúrgico para restabelecer o fluxo sanguíneo da artéria que, ao se fechar, causa o infarto. Após a desobstrução da coronária, o paciente recebe um stent – uma prótese em formato de tubo, feita de metal, que a mantém aberta.
“Já existem vários estudos para avaliar essa condição. O mais recente deles demonstrou que a revascularização completa – ou seja: o tratamento de todas as lesões importantes – durante a mesma internação, ou em até 30 dias a partir da ocorrência do infarto, é a melhor estratégia”, afirma.
COVID-19
O cardiologista dr. Marco Antônio Perin lembra que a COVID-19 impôs cuidado redobrado aos pacientes com doenças cardíacas: “A prática mostrou que as pessoas, temerosas de contraírem COVID-19, acabam postergando cuidados e tratamentos que exijam uma consulta presencial, e isso resulta em casos que chegam à unidade de saúde em situação crítica”.
Além de instabilizar e agravar condições cardíacas já existentes, segundo artigo recente publicado no periódico internacional especializado em saúde The Lancet, a COVID-19 aumenta o risco de inflamação do músculo do coração (condição conhecida como miocardite) em pacientes de qualquer idade.
“É importante que as pesquisas sobre as melhores técnicas e os melhores tratamentos para cuidar de doenças cardíacas não sejam interrompidos durante a pandemia. A busca por uma vacina e os programas de vacinação que já começaram em alguns países, os desafios logísticos e políticos envolvidos, os efeitos de longo prazo – tudo relativo à COVID-19 continuará a ocupar os espaços de conversas e debates por muito tempo ainda”, lembra o cardiologista dr. Marco Antônio Perin.
De acordo com dados recentes da OMS (Organização Mundial de Saúde), doenças cardíacas já são há 20 anos a causa número um de mortes no mundo: no ano passado foram 9 milhões – correspondentes a 16% do total de mortes por qualquer causa.
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