Londrina – PR 7/7/2020 – Tentava, mas a escrita não desenvolvia. Eram muitos pensamentos guardados dentro de mim que não conseguia expor e compartilhar
Técnica, também chamada de escrita expressiva, não segue regras gramaticais e é uma forma de colocar emoções no papel para entendê-las e seguir em frente.
Como diria Fernando Pessoa: “Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.”
Essa frase, além de ser muito poética, acima de tudo fala sobre algo cada vez mais comum quando o assunto é tratamento de problemas emocionais. A escrita terapêutica, que lá fora é chamada de Expressive Writing (Escrita Expressiva), vai além de prosa, poesia e de seguir normas gramaticais. Assim, é o expressar seus sentimentos, colocar para fora tudo o que está sentindo como uma maneira de se sentir melhor e seguir em frente.
De acordo John F. Evans, doutor em Educação, a escrita terapêutica é uma pedra angular das conexões de bem-estar e escrita. Em artigo para a Psychology Today, ele afirmou que “ela vem do nosso núcleo. É escrita pessoal e emocional, sem levar em consideração a forma ou outras convenções de gramática, como ortografia, pontuação e concordância verbal. Dessa forma, essa maneira de escrever não presta atenção à propriedade: ela simplesmente expressa o que está em sua mente e em seu coração”.
Quando usar a escrita terapêutica?
Acima de tudo, não há um momento certo para usar essa técnica de escrita. Sempre que a pessoa sentir necessidade pode fazer uso dessa terapia. Mas, ainda segundo John. F. Evans, como é, de certa forma, uma busca de alívio para os sentimentos, uma forma de reorganizar os pensamentos, é muito indicada para momentos de estresse, de tristeza profunda e de atordoamento. De fato, há até mesmo alguns estudos que mostram que a Escrita Terapêutica tem resultados eficazes na recuperação de doenças graves, não apenas aquelas de cunho psicológico.
Desse modo, a técnica presta mais atenção aos sentimentos do que aos eventos, memórias, objetos ou pessoas no conteúdo de uma narrativa. John F. Evans salienta que como a escrita narrativa, ela pode ter o arco de uma história: começo, meio e fim. Mas, muitas vezes, é turbulenta e imprevisível, e mesmo assim está tudo bem. “A escrita terapêutica não é tanto o que aconteceu, mas como você se sente sobre o que aconteceu ou está acontecendo”, destaca no artigo.
Escrita terapêutica que virou livro
Josiane Marques Sereno, técnica em enfermagem, mesmo sem intenção fez uso da técnica. Apesar de sempre ter gostado de ler e escrever, nunca conseguia colocar seus anseios, emoções e reflexões no papel. “Tentava, mas a escrita não desenvolvia. Eram muitos pensamentos guardados dentro de mim que não conseguia expor e compartilhar. Acho que era o pré-julgamento ou até o desprezo com os sentimentos. Então me fechava e engavetava tudo isso”, conta.
Eventualmente, chegando de um plantão hospitalar de 12 horas, no qual lutou durante aquele longo tempo com algo que a incomodava intimamente, chegou em casa, pegou um caderno e tentou escrever. “Queria colocar para fora, nem se fosse apenas para ouvir o som das lágrimas caindo. Entretanto, além das lágrimas, saíram todos aqueles cruéis sentimentos que me sufocavam, e eles saíram exatamente da maneira que eu estava sentindo. Desde então, costumo falar que agradeço a ansiedade, pois ela veio com toda força e furor, mas também fez a dor extravasar a ponto de dar início a algo que eu nunca tinha cogitado acontecer: Escrever um livro”, conta.
Assim nasceu Palavras Não Ditas, Pensamentos Escritos, de Josiane Marques Sereno, publicado pela Editora Saramago.
Superação
“Nos momentos difíceis a escrita foi a minha maior fuga e nos momentos bons também. Portanto deixo extravasar toda a alegria em palavras”. De acordo com a técnica em enfermagem e escritora, os textos falam principalmente sobre superação, coragem e força para nunca pararmos de acreditar e sonhar. “Quero que o leitor sinta que não está sozinho e que ninguém é fraco por chorar demais, por tentar carregar o mundo nas costas”, comenta.
Entre os temas dos textos, estão o Transtorno de Ansiedade Generalizada, relacionamento abusivo, amizade, grandeza do amor e mais. Quando indagada sobre o gênero, Josiane afirma que é autoajuda, mas também uma mistura literária com contos, prosa poética e alguns poemas.
Dicas para começar a usar a escrita terapêutica
Para ajudá-lo fazer uso da escrita terapêutica, John F. Evans incentiva os exercícios abaixo:
E se quiser conhecer um pouco mais sobre o livro Palavras Não Ditas, Pensamentos Escritos, acesse o site da Editora Saramago.
Website: https://loja.editoraalbatroz.com.br/palavras-nao-ditas-pensamentos-escritos
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