Com cerca de 500 mil médicos no Brasil, o país atingiu em 2020 a média de 2,4% para cada 1 mil habitantes. Apesar do avanço em relação a 2010, quando o percentual era de 1,7 profissionais por 1 mil habitantes, a distribuição de médicos ainda é pior em regiões como Norte e Nordeste, em relação à oferta de profissionais registrada pelas regiões mais ricas, conforme estudo lançado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).

Nas regiões Sul e Sudeste a proporção médico/habitante é de 2.68 e 3,15, respectivamente. Já nas regiões Norte e Nordeste, os percentuais são de 1,3 e 1,69 profissionais para cada 1 mil habitantes. O levantamento da demografia médica brasileira foi elaborado por pesquisadores da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e noticiado pela Agência Brasil.

Nessa conjuntura, uma modalidade ganha destaque por aproximar médicos e pacientes, apesar das condições geográficas: a telemedicina, prática da telessaúde que foi autorizada em caráter emergencial durante a pandemia de Covid-19 (Lei 13.989, de 2020) e aguardava uma regulamentação permanente.

No dia 29 de novembro, o Plenário do Senado aprovou o projeto de lei que regulamenta a prestação virtual de serviços de saúde (PL 1.998/2020). O texto aprovado é um substitutivo com alterações feitas pelo Senado e retorna para a Câmara dos Deputados, que precisa confirmar essas mudanças, conforme divulgado pelo portal Senado Notícias.

Dr. Felipe L. Crusius, Médico e COO do Clude Saúde, observa que o avanço da telemedicina no Brasil tem sido enfático, mas restrito às consultas ambulatoriais. “A telemedicina traz consigo diversas possibilidades de cuidado. Pacientes conectados produzem mais dados de saúde e auxiliam equipes especializadas a cuidarem melhor das pessoas”.

Para ele, as maiores temáticas da telemedicina são as da prevenção, proatividade assistencial e velocidade. “Não queremos mais ser reativos e lentos. Não há mais espaço para isso”, diz o médico.

Modalidade oferece diversas possibilidades

Crusius ressalta que o termo “telemedicina” trata, conceitualmente, de atendimentos remotos. Dessa forma, ela pode estar presente na forma de uma teleorientação por telefone, de uma consulta por vídeo, de uma submissão de exames para avaliação ou de mensagens de texto ou de voz trocadas entre equipe médica e paciente.

Além disso, avança, a modalidade pode ocorrer por meio de respostas a questionários específicos sobre condições de saúde, de interações das mais inúmeras formas.

“A telemedicina transformou a definição não só de espaço, mas também de tempo na prática assistencial. O paciente não precisa mais ir a um local de atendimento, e as ferramentas assíncronas permitem que ele também não precise reservar um tempo específico para seus atendimentos”, complementa.

Técnica pode colaborar para a conscientização

Na análise do COO do Clude Saúde, o maior desafio da saúde é conscientizar o paciente de que suas atitudes tomadas hoje podem impactar não apenas em suas doenças futuras, como também no custo de seus tratamentos – e a telemedicina pode colaborar para essa conscientização.

Em média, 89% dos brasileiros se automedicam, conforme uma pesquisa publicada pelo ICTQ (Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade), em parceria com o Datafolha. Segundo um relatório divulgado por entidades ligadas à ONU (Organização das Nações Unidas), 10 milhões de pessoas a cada ano podem morrer como consequência da prática.

Entre outros problemas, o hábito de se automedicar pode mascarar sintomas de doenças graves e evitar seu diagnóstico e tratamento. Aliás, mais da metade (62%) dos homens no Brasil só recorre a um médico quando um sintoma se torna “insuportável”, segundo uma pesquisa do Instituto Lado a Lado pela Vida, que entrevistou 1.800 brasileiros, além de indivíduos do México, Colômbia e Argentina.

“O paciente que entende, previne, se cuida e evita doenças está evitando, também, pagar por soluções de saúde mais caras e complexas, como cirurgias e internações hospitalares”, afirma Crusius “É um ganho que, quando estimulado coletivamente, impacta na própria inflação da saúde e no preço que as pessoas pagam pela assistência”, complementa.

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