A Organização Mundial da Saúde estima que 190 milhões de mulheres em todo mundo tenham endometriose. Desse total, entre 7 a 10 milhões são brasileiras e mais da metade que têm a enfermidade relatam dores recorrentes em forma de cólica, fadiga, diarreia ou dificuldade para engravidar.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou mais de 26,4 mil atendimentos relacionados à endometriose em 2021 e no mesmo ano foram registradas oito mil internações na rede pública.

O que é a endometriose?

A doença é uma modificação no funcionamento normal do organismo em que as células do tecido que reveste o útero (endométrio) – em vez de serem expulsas durante a menstruação – se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.

A enfermidade é muito comum no período reprodutivo, mas também acontece na adolescência e na transição para a menopausa. As causas ainda não estão totalmente estabelecidas. O exame ginecológico é o primeiro passo para o diagnóstico, que pode ser confirmado por análises laboratoriais e de imagem.

“Existem mulheres que têm endometriose e não apresentam sintomas. A doença é descoberta quando elas vêm tirar dúvidas sobre a dificuldade para engravidar. Na investigação feita por videolaparoscopia, encontramos lesões superficiais que muitas vezes não aparecem na ressonância da pelve ou em outros exames”, explica o ginecologista e obstetra Rodrigo Berger, diretor do Grupo Medless; empresa que desenvolve pesquisas e tratamentos de saúde para doenças femininas.

Cuidados

Por esse motivo, o médico recomenda que as mulheres visitem um ginecologista a partir da primeira menstruação, que normalmente acontece entre os 10 e 15 anos e pode variar conforme o estilo de vida individual, hábitos alimentares, alterações hormonais, entre outros fatores.

“O ideal é ir ao ginecologista pelo menos uma vez por ano. Todas essas situações interferem no ciclo menstrual e em possíveis complicações à saúde da mulher. Mas, ao entrar no climatério – que é uma transição do período reprodutivo para o não reprodutivo – é fundamental ir ao especialista a cada seis meses, pois nesta fase acontecem muitas mudanças hormonais no corpo feminino”, ressalta Berger. 

Complicações

Qualquer órgão na cavidade abdominal pode ser afetado pela endometriose. Quando a doença surge nos ovários, pode provocar o aparecimento de um cisto, que pode comprometer a capacidade de a mulher engravidar. Contudo, a fertilidade pode ser restabelecida e possibilitar a gestação com o acompanhamento médico adequado.

Se a enfermidade for detectada logo no início, o tratamento poderá ser iniciado rapidamente e aliviar os sintomas que às vezes são confundidos com outras doenças. Todavia, nenhuma doença deve ser ignorada e a orientação médica é o melhor caminho.

Tratamentos

A indicação do tratamento mais adequado a cada pessoa vai depender de diversos fatores que incluem desde a idade da mulher, a gravidade e localização das lesões, a intensidade dos sintomas, o desejo reprodutivo, entre outras questões. 

“A endometriose hoje em dia pode ser muito bem controlada e nem sempre ela precisa ser tratada com remédio. Ao fazer uma dieta anti-inflamatória, cuidar do estresse do dia a dia e ter outros cuidados indicados pelo ginecologista da paciente, há possibilidades de a doença ficar sob controle”, diz Berger.

Entre as formas de tratamento mais conhecidas e autorizadas pelos órgãos de saúde estão o uso de pílulas anticoncepcionais, DIU hormonal, medicamentos para dor, uso de fármacos, utilização de implantes hormonais subcutâneos e cirurgias.

O tratamento cirúrgico tem indicação em algumas situações específicas: dor refratária durante tratamento clínico, tratamento da infertilidade, comprometimento de órgãos próximos como bexiga, ureter, intestino. “Em todos eles, é necessário acompanhamento médico”, complementa o especialista.

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